Ericeira

Ericeira

Vila muito antiga, presumivelmente local de passagem e instalação dos Fenícios.

Reza a lenda que o nome Ericeira significa, na origem, "terra de ouriços", devido aos numerosos ouriços do mar que abundavam nas suas praias. No entanto, investigações mais recentes apontam o ouriço caixeiro e não o do mar como inspirador do nome. Com a descoberta de um exemplar do antigo brasão da Vila, hoje no Arquivo-Museu da Misericórdia, confirmou-se que o animal ali desenhado é, de facto, um ouriço caixeiro.

história da Ericeira remonta, assim, a cerca de 1000 a.C.. O seu primeiro foral data de 1229, concedido pelo então Grão-Mestre daOrdem de Aviz, Dom Frei Fernão Rodrigues Monteiro, que assim instituiu o Concelho da Ericeira.

É na carta de foral que surgem as primeiras referências aos pescadores da Ericeira, estando bem presente o cuidado do legisladorem acautelar os direitos e deveres dos que se encontravam sujeitos às tutelas dos donatários:"(...) Quanto aos pescadores, dêem a vigésima parte do pescado que matarem no mar. De doze peixes, levem um para conduto antes de darem a vigésima parte, e se matarem congro, comam-no. Do pescado que encontrarem morto, não paguem foro. De baleia, dêem a vigésima parte. De toninhasdelfins sem impedimento, em ocasiões de fome (...)".

No século XIII, a baleia, toninha e delfim eram as espécies mais pescadas, tendo dado lugar, já no século XVI, à raia, ao rodo valhoe à pescada. Em 1547D. João III concede aos pescadores ericeirences a permissão de venderem o peixe "a olho" e não "a peso", costume que ainda há 30 anos se mantinha.

Novas cartas de foro concedidas por D. Afonso IV, em 1369, e por D. Manuel I em 1513, vieram nobilitar a vila concelhia, doada pelo mesmo D. Manuel ao infante D. Luís e por este ao seu filho natural D. Antónioprior do Crato, forte opositor à tomada do poder real por Filipe II de Espanha. Em 1589, no Forte de Milreu, D. António fez uma gorada tentativa de desembarque de tropas com o objectivo de conquistar o poder.

Em 1855, na sequência de uma reordenação administrativa do território, a Ericeira deixou de ser concelho para ficar na dependência de Mafra, sede concelhia até aos dias de hoje.

A Ericeira conheceu no século XIX, a sua época áurea, enorme incremento, porquanto foi o porto mais concorrido da Estremadura, com alfândega, por onde se fazia o abastecimento de quase toda a província. A antiga importância comercial tem hoje correspondente no notável movimento turístico, resultante da situação e do clima privilegiado de que goza. O embarque para o exílio da família real portuguesa, episódio que assinala o termo do regime monárquico nacional, fará sempre do porto da Ericeira um dos locais mais dramáticos da geografia do concelho de Mafra.

[editar]A importância do porto

Deve-se ao porto da Ericeira o desenvolvimento da vila, noutros tempos habitada quase só por gente do mar, que formou durante muitos séculos um grupo étnico-geográfico denominado Jagoz, diferente dos restantes habitantes da região Saloia. O movimentocomercial do porto da Ericeira tornou-o num pólo fundamental da economia da região. Relatos datados de 1834 dão conta de que nesse ano ali fundearam 175 embarcações, que ora transportavam produtos para a vila - principalmente cereais - que de ali eram distribuídos para o interior do país, ora os exportavam para os portos do Algarve, ilhas e outros - especialmente vinhos e seus derivados.

Alfândega da Ericeira abrangia então uma área que se estendia de Cascais à Figueira da Foz, sendo o seu porto considerado o quarto mais importante do país, atrás dos de LisboaPorto e Setúbal. Com a construção do caminho-de-ferro do Oeste e o desenvolvimento dos transportes terrestres, o porto da Ericeira foi perdendo importância. Nos finais do século XIX instalaram-se navila armações fixas de pesca da sardinha que vieram alterar as antigas características piscatórias, mas que tiveram um papel sócio-económico importante, chegando a empregar, só na faina do mar, à volta de 500 homens.

Mas se a vila deixou ao longo do século XIX de ser um entreposto comercial, nunca perdeu a visita de "forasteiros", desta vez deveraneantes que passaram a procurá-la devido às suas características climáticas e ao alto teor de iodo das suas praias. Charles Lepierreengenheiro químico, considerou-as, há 50 anos, como "o fulcro da maior concentração de iodo de toda a costaportuguesa". Hoje, a Ericeira continua a ser uma das zonas do litoral do país mais procuradas para banhos.

Em 1958 depois de fartos do elevado número de tragédias ocorridas na Ericeira, uma comissão de moradores reuniu-se com o Ministro, Eng. Arantes e Oliveira para a construção de um molhe[1]. A construção deste apenas começou em 1973, mas desde cedo o seu desenho foi criticado pelos pescadores por estar na zona de pancada do mar, onde a força da rebentação é mais forte. Isto veio a ser demonstrado, quando em 1977 o mar partiu o molhe em dois, seguido de muitos outros estragos ao longo dos tempos. Um desses estragos levou à queda do farol que havia sido instalado na ponta do molhe[2].

 

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ericeira

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